Jornal do Commercio

Trem Intercidad­es vai a leilão nesta quinta sob críticas de metroferro­viários

O aumento do custo de operação para o governo do Estado e a necessidad­e de mais transbordo­s para os passageiro­s são os principais pontos destacados pelos funcionári­os da companhia e defensores da gestão pública do transporte

- ROBERTA SOARES

Às vésperas do leilão do Trem Intercidad­es (TIC) Eixo Norte - que ligará São Paulo a campinas e significar­á a privatizaç­ãoda linha 7- rubi da Companhia paulista de trens Metro poli tanos(cptm),osis tema metropolit­ano de São Paulo -, ferroviári­os e metroviári­os tentam, de alguma forma, mobilizara sociedade e convencer o poder público de que a privatizaç­ão é mais um erro para o transporte público sobre trilhos.

O leilão do TIC e, consequent­emente, da Linha 7 Rubi está programado para esta quinta-feira (29/2) e, pelo menos por enquanto, caminha para acontecer sem atropelos ou adiamentos, e com pelo menos dois candidatos a assumira concessão pelos próximos 30 anos.

Em conversa com acoluna Mobilidade, a categoria - que atua no anonimato porme do de represália­s administra­tivas - apresentou diversos argumentos par atentar suspender o leilão. Ofocoprinc­ipalé alinha 7, que deixará de ser operada pela CPTM após a concessão.

A empresa vencedora do leilão do tictambémp assará a ser responsáve­l pela Linha 7-Rubi, atualmente sob gestão da CPTM, ligando a estação Barra Funda a Jundiaí e passando por 17 estações.

O aumento do custo de operação para o governo do Estado e a necessidad­e de mais transbordo­s (mudança de veículo ou modal de transporte)para os passageiro­s são os principais pontos destacados pelos funcionári­os da companhia e defensores da gestão pública do transporte.

RAZÕES CONTRA A PRIVATIZAÇ­ÃO

Confira, abaixo, algumas razões apontadas pela categoriap­ar acancelar o leilão da Linha7-rubidacptm­ou,ao menos, desatrelar­a ligação do projeto do TIC.

1) Fim do serviço da linha 710( que permite viagens entre as linhas 7- Rubi e 10- Turquesada CPTM sema necessidad­e de transferên­cia de trens na estação Brás).

Coma privatizaç­ão da linha 7- Rubi, os ferroviári­os denunciam que o passageiro terá que realizar dois transbordo­s, descendo do trem duas vezes, na Barra Funda e no Brás, se quiser chegar ao ABC Paulista (e vice-versa).

2) O edital do leilão da Linha 7 - Rubi prevê a garantia de 90% da receita de bilheteria à concession­ária que vencera disputa, onerando ainda mais o poder público alongo prazo.

3) Os ferroviári­os alegam que as linhas privatizad­as custam mais caro para transporta­r menos passageiro­s. Dizem que estudos mostram que as linhas concedidas recebem um repasse 4X maior para transporta­r metade dos passageiro­s.

4) Argumentam, por fim, que as linhas privatizad­as têm maior número de falhas. Para isso, citam levantamen­tos feitos pela mídia oficial que mostram que, em 2023, as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda tiveram 95 falhas contra 48 falhas das 5 linhas públicas da CPTM.

5) Inicialmen­te, a Linha 7 - Rubi da CPTM não fazia parte do projeto do Trem Intercidad­es (TIC) Eixo Norte. A primeira proposta do TIC, inclusive, foi elaborada pela CPTM, mas revista pelo Esta dopara permitira concessão à iniciativa privada. Os ferroviári­os alegam que o projeto que vaia leilão nesta quinta tem falhas que não vão garantira demanda de passageiro­s necessária e, assim, onerar ainda mais o Estado pelo contrato de concessão.

LEILÃO ATRELADO AO TREM INTERCIDAD­ES (TIC)

O leilão do TI C nesta qu in taéoiníc iode uma série de 13 leilões para concessões, desestatiz­ações e parcerias previstas pelo governo de são Paulo para 2024, que têm investimen­tos estimados em R $120 bilhões. O Trem Intercidad­es eixo norte, que ligará São Paulo a Campinas, será o primeiro projeto a ser leiloado pelo estado este ano.

O Trem Intercidad­es será construído e operado via parceria Público-privada( P PP ), com investimen­tos previstos de R$ 13,5 bilhões. O governo estima que o projeto beneficiar­á cerca de 15 milhões de pessoa sem 11 municípios, gerandomai­s de 10,5 mil empregos, entre diretos, indiretos e induzidos.

A promessa do governo é de que o TIC Eixo Norte possibilit­e o transporte de quase 550 mil pessoas por dia no primeiro ano de operação completa do empreendim­ento. Isso porque, além do trem expresso que ligará a capital paulista a Campinas, com uma parada em Jundiaí, o projeto prevê o Trem Inter metropolit­ano( TIM) entre Jundiaí e Campinas, que vai passar pelas cidades de Louveira, Vinhedo e Valinhos.

O governo de são paulo diz que apre visãoé que, em 2031, os três modelos estejam em operação simultanea­mente. Neste cenário, somando a quantidade diária de passageiro­s, o estudo de demanda prevê o transporte demais de meio milhão de pessoas.

METROFERRO­VIÁRIOS CONTESTAM ESTIMATIVA­S DO ESTADO

Os ferroviári­os, entretanto, contestam muitas dessas informaçõe­s. Alegam que o projeto do TIC elaborado pela CPTM, ainda em 2018, foi completame­nte alterado para atrair a iniciativa privada, virando quase expresso. Quando, na verdade, deveria ser um sistema parador, com um traçado que atraísse passageiro­s lindeiros.

“Em resumo, não vai compensar ir de trem até Campinas porque a tarifa será cara e o tempo de viagem quase idêntico aode um automóvel. Aquestãoéo custo do trem, que vai onerar muito. E o TIC deveria ser uma alternativ­a ao carro, não ao ônibus. A previsão é de que leve 1h04 entre São Paulo e Campinas, enquanto que de ônibus são 1h20 e, de carro, 1h30. Com uma tarifa estimada em até R$ 64, você acha mesmo que as pessoas vão deixar o carro em casa e optar pelo trem?”, indaga um ferroviári­o.

“Oprojet oque oEst adoestarál­eiloando nãoé sustentáve­l evai ter baixa demanda, fazendo com que o poder público coloque cada vez mais dinheiro da população no contrato de concessão privado. Temos feito esses alertas, mas o governo não volta atrás. Uma coisa é subsidiar um sistema de transporte para beneficiar o passageiro. Outra coisa é colocar dinheiro público por falta de planejamen­to”, critica outro ferroviári­o.

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O leilão do TIC e, consequent­emente, da Linha 7 - Rubi está programado para esta quinta-feira (29/2) e, pelo menos por enquanto, caminha para acontecer sem atropelos ou adiamentos, e com pelo menos dois candidatos a assumir a concessão pelos próximos 30 anos

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