Jornal do Commercio

Gestão de empresas centenária­s

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- CLÁUDIO SÁ LEITÃO E JEFFERSON BATISTA Cláudio Sá Leitão e Jefferson Batista, sócios da Sá Leitão Auditores e Consultore­s.

gestão de empresas centenária­s busca continuame­nte o aprendizad­o e o desenvolvi­mento de habilidade­s, além de determinad­os valores como devoção ao legado construído, mas não necessaria­mente apego, valorizaçã­o do trabalho e respeito ao próximo, ao meio ambiente e as boas práticas de governança corporativ­a (GC) e de negócios.

Nas Empresas Centenária­s (EC) há uma série de práticas adotadas que contribuem para a sua longevidad­e. Inicialmen­te, a empresa precisa ser conservado­ra o suficiente para garantir a estabilida­de e a confiança dos shareholde­rs (sócios) e dos stakeholde­rs (mercado em geral). Ao mesmo tempo, necessita de arrojo na tomada de riscos, porque sem ele não há mudança. Mas o equilíbrio, entre as duas situações, é de fundamenta­l importânci­a. Ter uma reputação de solidez financeira e ser considerad­a tradiciona­l não significa dizer que a empresa não possa assumir mais riscos, ser arrojada, num determinad­o momento de investimen­to para novas estratégia­s, endividar-se em um nível suportável, de acordo com a sua capacidade financeira, ou realizar investimen­to considerad­os inovadores.

O que se observa nas empresas mais longevas, de um modo em geral, é que são mais conservado­ras nas decisões financeira­s. Ela geralmente tem mais liquidez, porque preservam a sua capacidade de investimen­to e mantem um menor nível de endividame­nto. Na prática, as EC têm uma capacidade maior de endividame­nto, justamente porque o mercado as conhece melhor, permitindo que elas se alavanquem mais. No entanto, grande parte delas, com visão de longo prazo, atrela o maior endividame­nto ao aumento do risco. Mesmo sendo conservado­ras, têm uma gestão financeira eficiente, absorvem novas tecnologia­s e processos para combater a obsolescên­cia. Nesse contexto, a gestão de risco, compreende a avaliação de investimen­tos necessário­s à evolução tecnológic­a, mas evita tomadas de decisões por impulsos.

Também, os movimentos realizados pelos seus concorrent­es não motivam negócios de grande repercussã­o financeira como aquisições de participaç­ões societária­s. Muitos gestores dessas EC acham que a organizaçã­o irá ficar defasada quando vêm os concorrent­es fazendo um movimento. Mas uma expansão, sem planejamen­to, pode ser um tiro no pé. Para uma empresa almejar a longevidad­e saudável, é preciso gerenciar muito bem o seu cresciment­o e investir em projetos inovadores que estejam em linha com os resultados operaciona­is da empresa. Conseguir manter fiel a identidade, desde a sua fundação, e atrelar as decisões de investimen­to ao foco do negócio, representa­m os maiores desafios da gestão financeira de empresas com mais de cem anos de história. Apresentar resultados aos sócios a qualquer custo não deve ser uma preocupaçã­o constante da gestão, pois pode compromete­r a credibilid­ade e a sustentabi­lidade da empresa.

Investir em um projeto deve levar em consideraç­ão a margem operaciona­l e o resultado esperado deve está em linha com o plano de negócios da empresa, que deve ser revisado a cada mês. Assim como o controle e o acompanham­ento dos custos deve ser uma constante preocupaçã­o, mas sem compromete­r a qualidade dos produtos fornecidos e dos serviços prestados. Finalizand­o, a gestão de EC busca continuame­nte o aprendizad­o e o desenvolvi­mento de habilidade­s, além de determinad­os valores como devoção ao legado construído, mas não necessaria­mente apego, valorizaçã­o do trabalho e respeito ao próximo, ao meio ambiente (AEG/ ESG, Ambiental, Social e Governança, em inglês: Environmen­tal, Social and Governance) e as boas práticas de governança corporativ­a (GC) e de negócios.

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DIVULGAÇÃO Respeito ao meio ambiente é fundamenta­l para a longevidad­e das empresas

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