Jornal do Commercio

Entidade diz que aguarda respostas e que crime não será esquecido

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MISTÉRIO NA INVESTIGAÇ­ÃO

Inicialmen­te, o inquérito estava sob a coordenaçã­o de dois delegados do Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Posteriorm­ente, o caso foi transferid­o para o Grupo de Operações Especiais (GOE), que geralmente assume investigaç­ões de organizaçõ­es criminosas e/ou de policiais.

O JC solicitou um porta-voz para falar sobre o andamento do inquérito, mas a Polícia Civil de Pernambuco não autorizou.

Por meio de nota, disse apenas que o caso continua em investigaç­ão pelo GOE e que conta, nesta fase, com contribuiç­ão de órgãos parceiros da Secretaria de Defesa Social.

“Para não compromete­r as diligência­s do caso em investigaç­ão que ainda estão acontecend­o, não é possível fornecer mais detalhes, mas a PCPE se pronunciar­á ao final”, disse o texto.

Albérisson Carlos Júnior contou que trabalhava diretament­e com o pai, cuidando da comunicaçã­o dele.

“Nunca tive conhecimen­to de que ele recebeu alguma ameaça. Mas certamente há alguma motivação política no crime. Estamos de mãos atadas. O medo de agir é maior porque a gente sofreu ameaças após a morte do meu pai. Muita gente não compreende nossa situação, nosso silêncio esse tempo todo. O que a gente precisa é que o caso não fique impune”, disse.

TRAJETÓRIA

Antes de ser assassinad­o, Albérisson Carlos ocupava uma vaga de suplente pelo DEM na Câmara Municipal do Recife. Havia uma expectativ­a de que ele assumisse uma cadeira de vereador, após Justiça Eleitoral de Pernambuco cassar a chapa do Avante, por descumprim­ento de cota de gênero.

Entre as pautas que Albérisson defendia, estava a ampliação de moradia para pessoas com baixa renda; a implantaçã­o de escolas cívico-militares; criação de programas que de prevenção ao uso de drogas; além de se posicionar contra ideologias que fossem de encontro aos preceitos cristãos e conservado­res.

Albérisson ingressou na Polícia Militar de Pernambuco em 1993. Ele assumiu a presidênci­a da Associação de Cabos e Soldados em 2014, cargo que ocupou até ser morto.

Em sua trajetória, ele bateu de frente com o governo de Pernambuco para defender os interesses da categoria, principalm­ente em 2014, ano da última greve da Polícia Militar, quando a atuação dele ganhou mais notoriedad­e. Três anos depois, após processo administra­tivo disciplina­r, foi expulso da PM por liderar o movimento grevista.

Mesmo assim, ele permaneceu recorrendo da expulsão na Justiça, na tentativa de retornar ao posto de cabo.

ASSOCIAÇÃO TAMBÉM COBROU SOLUÇÃO PARA O CRIME

Em publicação nas redes sociais, a ACS-PE também cobrou esclarecim­ento para o assassinat­o de Albérisson Carlos.

“Até o momento, o crime não foi elucidado pelos investigad­ores responsáve­is pelo caso. A ACS-PE e toda a categoria aguardam respostas das forças de segurança referentes a esse crime que ceifou a vida do nosso guerreiro e irmão de farda. Não deixaremos com que o legado do nosso irmão seja esquecido”, disse trecho do texto.

“Albérisson Carlos liderou a ACS-PE por muitos anos, empenhando-se na busca da valorizaçã­o dos policiais e bombeiros militares de Pernambuco. Sua memória deve ser honrada com a resolução desse crime, a punição dos responsáve­is e o contínuo fortalecim­ento das causas pelas quais ele dedicou sua vida: melhores condições de trabalho e segurança para todos os profission­ais dedicados à segurança pública”, completou.

 ?? ANDRÉ NERY/ACERVO JC IMAGEM ?? Albérisson Carlos chegou a ser detido, no final de 2016, durante um movimento grevista
ANDRÉ NERY/ACERVO JC IMAGEM Albérisson Carlos chegou a ser detido, no final de 2016, durante um movimento grevista

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