Jornal do Commercio

Sem aumento das passagens, receio é que Estado reduza serviço e faça cortesia com o “chapéu” do passageiro

- ROBERTA SOARES

Épreciso estar alerta para que o mesmo governo não provoque, com a decisão políticaad­ministrati­va, a redução da oferta do serviço no Grande Recife. E mais: que deixe de fazer e estimular investimen­tos no sistema, que está ruim, com intervalos gigantes entre os coletivos, uma frota velha e sem qualquer melhoria para o passageiro

Nenhum passageiro dos ônibus que operam na Região Metropolit­ana do Recife vai reclamar da proposta do governo de Pernambuco de não aumentar a tarifa em 2024 e ainda unificar os anéis tarifários cobrados. Isso é fato.

Mas é preciso estar alerta para que o mesmo governo não provoque, com a decisão política-administra­tiva, a redução da oferta do serviço no Grande Recife. E mais: que deixe de fazer e estimular investimen­tos no sistema, que está ruim, com intervalos gigantes entre os coletivos, uma frota velha e sem qualquer melhoria para o passageiro.

Ou seja, como se diz popularmen­te: que o governo de Pernambuco não faça “cortesia com o chapéu dos outros”. E, nesse caso, com o chapéu dos passageiro­s.

O alerta é válido porque, embora a gestão Raquel Lyra tenha optado por não reajustar as passagens do Grande Recife em 2023, no primeiro ano de governo - sob o argumento de que precisava, primeiro, moralizar o sistema -, o que os usuários viram no decorrer do ano foi a precarizaç­ão do serviço, inclusive com a redução da frota de coletivos sem nenhum aviso prévio à população.

GOVERNO RETIROU 200 ÔNIBUS DE OPERAÇÃO PARA REDUZIR CUSTOS

Foram 200 ônibus a menos consideran­do o início de 2023. A redução foi descoberta em agosto de 2023, mas teria sido iniciada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolit­ano (CTM) entre junho e julho. Foi feita a partir das programaçõ­es de férias, quando todo passageiro sabe que há uma redução dos coletivos nas ruas. Mas, historicam­ente, essa redução era recomposta com o fim das férias, o que não aconteceu.

Se o comparativ­o for feito em relação a 2019, antes da pandemia de covid-19, eram 300 ônibus a menos, o que amplia os intervalos e faz com que os veículos circulem cada vez mais cheios, gerando ainda mais desconfort­o para os passageiro­s.

Em novembro de 2019, o sistema operava com uma frota de 2.459 coletivos no Grande Recife. Em novembro de 2022, eram 2.326. E, em agosto de 2023, estavam em operação apenas 2.132.

O CTM recompôs parte da frota e, segundo dados oficiais, atualmente são 2.375 ônibus em operação, com uma demanda de 1,3 milhão de passageiro­s catracados (que pagam) por dia. As gratuidade­s não estão incluídas.

OTIMIZAÇÃO DO SERVIÇO

A solução de redução, na época, teria sido provocada porque o Estado buscava equilibrar a conta entre receita e despesa do sistema. Essa conta não fecha desde a crise sanitária de covid-19 porque o número de passageiro­s segue em 75% do pré-pandemia.

O que o setor operaciona­l definiu como redução, o governo de Pernambuco chegou a chamar de otimização do serviço, já que as empresas passaram a receber pelo custo e, não mais, pelo passageiro transporta­do. A mudança aconteceu em 2020, no auge da pandemia de covid-19 e para garantir que a frota de ônibus fosse bem superior à demanda de passageiro­s por respeito às regras sanitárias.

O CTM não quis se pronunciar sobre o assunto.

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GUGA MATOS/JC IMAGEM Sistema está ruim, com intervalos gigantes entre os coletivos, uma frota velha e sem qualquer melhoria para o passageiro

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