Arqueológico: há 162 anos defendendo o nosso passado histórico e cultural
No Arqueológico jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira
Oque dizer de um instituto no alto dos seus 162 anos de vida, pugnando pela defesa do passado histórico e cultural de um Estado com a força de Pernambuco, varonil nas suas antecipações político-libertárias, e que, há 350 anos, expulsou, do seu território, os holandeses, escrevendo a bela página da unidade nacional?
Estamos reverenciando o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, observe-se, e não de Pernambuco, como frisava o historiador José Antônio Gonsalves de Mello, quando presidente da Casa.
Na sequência da Presidência, estiveram ilustres valores da nossa inteligência, hoje sob a égide da insigne professora Margarida Cantarelli, um outro legado da cultura pernambucana.
E o que espera o IAHGP diante dos novos empossados na solenidade magna alusiva à efeméride?
Aguarda-se uma atitude de vigilância em defesa da lâmpada votiva, chama ardente da nossa pernambucanidade, que nunca esmorece, a lâmpada solitária do culto dos antepassados, que são sombras vivas em que tocamos e palavras mudas, que jamais calaram.
Este, o mistério da história. Ela tem uma alma imortal, que vence o tempo. Não é um testemunho tímido que se arreceia da civilização, dos novos processos de desenvolvimento, da Tecnologia avançada que parece suprimir o próprio homem do contexto da cultura de que ele é a dimensão e a medida. O presente-futuro da História é hoje a conotação mais poderosa das grandes transformações do mundo que não se operam sem as reavaliações do espaço-tempo histórico, o qual Toynbee incluiu todas as manifestações da vida dos inquestionáveis do devenir histórico.
Recordo, neste espaço, a juventude das escolas. Desejo dar o meu testemunho de que os jovens estão interessados em conhecer as nossas tradições, os nossos valores, o nosso passado histórico, que nada lhes metem medo. Dois cursos realizados no então Colégio e Curso Radier, quando tive a honra de dirigi-lo, um sobre a Confederação do Equador, outro sobre a História de Pernambuco, mostraram, à época, que esse conhecimento, ao lado do científico e tecnológico, é tão fascinante para ele quanto outro. Resta só a motivação, o despertar da consciência histórica como vivência humana e não como página de castelo inanimado, espécie de museu de cera com que, por vezes, se dá à História uma perspectiva de fatos e personagens sem vida, sem calor humano.
No Arqueológico jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira na sua maneira de ser fiel a si mesma, honrando o que o IAHGP tem sabido honrar: a unidade de um povo, que deixou nos montes Guararapes a lição maior da nacionalidade.