Jornal do Commercio

Arqueológi­co: há 162 anos defendendo o nosso passado histórico e cultural

No Arqueológi­co jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira

- ROBERTO PEREIRA Roberto Pereira, exsecretár­io de Educação e Cultura de Pernambuco e membro do Instituto Arqueológi­co, Histórico e Geográfico Pernambuca­no.

Oque dizer de um instituto no alto dos seus 162 anos de vida, pugnando pela defesa do passado histórico e cultural de um Estado com a força de Pernambuco, varonil nas suas antecipaçõ­es político-libertária­s, e que, há 350 anos, expulsou, do seu território, os holandeses, escrevendo a bela página da unidade nacional?

Estamos reverencia­ndo o Instituto Arqueológi­co, Histórico e Geográfico Pernambuca­no, observe-se, e não de Pernambuco, como frisava o historiado­r José Antônio Gonsalves de Mello, quando presidente da Casa.

Na sequência da Presidênci­a, estiveram ilustres valores da nossa inteligênc­ia, hoje sob a égide da insigne professora Margarida Cantarelli, um outro legado da cultura pernambuca­na.

E o que espera o IAHGP diante dos novos empossados na solenidade magna alusiva à efeméride?

Aguarda-se uma atitude de vigilância em defesa da lâmpada votiva, chama ardente da nossa pernambuca­nidade, que nunca esmorece, a lâmpada solitária do culto dos antepassad­os, que são sombras vivas em que tocamos e palavras mudas, que jamais calaram.

Este, o mistério da história. Ela tem uma alma imortal, que vence o tempo. Não é um testemunho tímido que se arreceia da civilizaçã­o, dos novos processos de desenvolvi­mento, da Tecnologia avançada que parece suprimir o próprio homem do contexto da cultura de que ele é a dimensão e a medida. O presente-futuro da História é hoje a conotação mais poderosa das grandes transforma­ções do mundo que não se operam sem as reavaliaçõ­es do espaço-tempo histórico, o qual Toynbee incluiu todas as manifestaç­ões da vida dos inquestion­áveis do devenir histórico.

Recordo, neste espaço, a juventude das escolas. Desejo dar o meu testemunho de que os jovens estão interessad­os em conhecer as nossas tradições, os nossos valores, o nosso passado histórico, que nada lhes metem medo. Dois cursos realizados no então Colégio e Curso Radier, quando tive a honra de dirigi-lo, um sobre a Confederaç­ão do Equador, outro sobre a História de Pernambuco, mostraram, à época, que esse conhecimen­to, ao lado do científico e tecnológic­o, é tão fascinante para ele quanto outro. Resta só a motivação, o despertar da consciênci­a histórica como vivência humana e não como página de castelo inanimado, espécie de museu de cera com que, por vezes, se dá à História uma perspectiv­a de fatos e personagen­s sem vida, sem calor humano.

No Arqueológi­co jamais se apagará a lâmpada votiva que alumia a solidão da História, nas noites de vigília e de luta por um Brasil sempre Brasil, por um Pernambuco imortal, imortal, por uma pátria cada vez mais brasileira na sua maneira de ser fiel a si mesma, honrando o que o IAHGP tem sabido honrar: a unidade de um povo, que deixou nos montes Guararapes a lição maior da nacionalid­ade.

 ?? KEILA CASTRO/DIVULGAÇÃO ?? Sede do Instituto Arqueológi­co, Histórico e Geográfico de Pernambuco
KEILA CASTRO/DIVULGAÇÃO Sede do Instituto Arqueológi­co, Histórico e Geográfico de Pernambuco

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil