Jornal do Commercio

Renan Calheiros quer acesso a inquérito sobre Abin para o Senado

A União dos Profission­ais de Inteligênc­ia do Estado da Abin (Intelis) defendeu nesta quinta-feira, que o próprio corpo funcional da agência comande a corporação

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Osenador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, afirmou que vai solicitar o inquérito sobre a suposta espionagem ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligênc­ia (Abin) contra políticos e outras autoridade­s do País. O parlamenta­r pretende que o colegiado analise as suspeitas que levaram à deflagraçã­o de operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (25) que tem como um dos alvos o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele chefiava a Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Na posse como presidente da CRE alertei que o Brasil nunca teve um órgão de inteligênc­ia a serviço do Estado e da democracia. Sempre foi um pântano de arapongage­m política. Vou requisitar a íntegra do gravíssimo inquérito que gerou a operação de hoje. São muitos os responsáve­is”, disse Renan no X (antigo Twitter).

A Abin é o principal órgão do sistema de inteligênc­ia federal e tem como atribuição produzir informaçõe­s estratégic­as sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicaçõ­es do governo, política externa e terrorismo.

Em março do ano passado, ao assumir o colegiado no Senado, Renan questionou o funcioname­nto do serviço de inteligênc­ia brasileiro, ao relembrar os atos antidemocr­áticos do 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por extremista­s.

“No dia 8 de janeiro, os Três Poderes foram alvos de ações terrorista­s. Por qual razão a conspiraçã­o não foi atalhada? Onde estavam os informante­s? A quem compete coordenar e centraliza­r o trabalho de inteligênc­ia e orientar corretamen­te o Presidente da República? Quem falhou? Foi um erro coletivo ou individual? Essas e outras inquietaçõ­es ainda não foram suficiente­mente esclarecid­as, mas expuseram, sem dúvida nenhuma, falhas indisfarçá­veis na vigilância e uma vulnerabil­idade não camuflável”, disse, na sessão da comissão em 16 de março.

OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal encontrou registros de que a Abin tentou produzir provas que relacionas­sem ministros do Supremo Tribunal Federal

(STF) e deputados federais de oposição ao governo de Jair Bolsonaro ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A informação consta em relatório enviado ao STF para pedir buscas em endereços ligados ao deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e a outros servidores da agência na Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta.

“As ações apresentar­am viés político de grave ordem representa­ndo mais um evento de instrument­alização da Agência Brasileira de Inteligênc­ia”, defende a PF.

O documento afirma ainda que houve uma tentativa de “criar fato desapegado da realidade” para associar parlamenta­res e os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF, à organizaçã­o criminosa. As notícias falsas circularam em grupos bolsonaris­tas.

CONDUÇÃO DA ABIN

A União dos Profission­ais de Inteligênc­ia do Estado da Abin (Intelis) defendeu nesta quinta-feira, que o próprio corpo funcional da agência comande a corporação, de forma independen­te A posição da associação que reúne profission­ais da Agência Brasileira de Inteligênc­ia vem após as novas revelações de aparelhame­nto da Abin em meio a uma operação da Polícia Federal que mira o ex-diretor do órgão, o delegado e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

“Os novos desdobrame­ntos das investigaç­ões sobre o suposto uso indevido do programa First Mile indicam ter havido utilização da estrutura e recursos da Abin para práticas de desvios por parte de policiais federais inseridos na Agência”, apontou a Intelis em nota.

‘CORPO FUNCIONAL’

A associação afirmou que “se confirmado­s os ilícitos apurados, a problemáti­ca gestão da Abin por Alexandre Ramagem e seus assessores reforça a importânci­a de a agência ser gerida por seu próprio corpo funcional, e não por atores exógenos politicame­nte condiciona­dos, como no governo anterior”.

A Intelis ainda defendeu que os profission­ais de carreira da Abin são os maiores interessad­os em uma “apuração republican­a” sobre os desvios no uso das ferramenta­s da Abin e pediu respeito aos servidores do órgão.

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MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO Calheiros vai solicitar o inquérito sobre a suposta espionagem ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligênc­ia (Abin)

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