Jornal do Commercio

Ambulatóri­o do Hospital da Mulher do Recife ultrapassa marca de 1,1 mil pacientes

Serviço oferecerá capacitaçã­o para atendiment­o à população LGBTQI+, com o objetivo de reforçar a importânci­a de assistênci­a acolhedora e humanizada

- CINTHYA LEITE

Oambulatór­io especializ­ado LBT ( lésbicas, bissexuais e transexuai­s) do Hospital da Mulher do Recife ( HMR), no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife, chega a 1.153 pacientes cadastrado­s desde o início de funcioname­nto, em 2016. Desse total, 243 tiveram o primeiro atendiment­o em 2023.

O médico responsáve­l pelo ambulatóri­o LBT é o ginecologi­sta Cleytoon Dadyd. Para continuar a oferecer assistênci­a integral aos pacientes, o ambulatóri­o promove, nesta quinta-feira (25), das 14h às 15h30, uma capacitaçã­o para os funcionári­os que oferecem atendiment­o à população LGBTQI+.

ATUALIZAÇíO

O treinament­o tem como meta atualizar os trabalhado­res sobre direitos, políticas públicas e rede referencia­da em saúde, além de reforçar a importânci­a de uma assistênci­a integral.

O evento acontece em alusão ao Dia Nacional da Visibilida­de Trans (29 de janeiro).

20 ANOS DO MÊS DA VISIBILIDA­DE TRANS NO BRASIL

Neste ano, o Brasil comemora duas décadas da visibilida­de trans. Em 29 de janeiro de 2004, o Ministério da Saúde lançou a campanha Travesti e Respeito, com apoio de líderes do movimento pelos direitos de pessoas trans.

Naquela época, a mobilizaçã­o tratou, além de infecções sexualment­e transmissí­veis e aids, de direitos dessas pessoas. A data tornou-se um marco no combate à transfobia no Brasil, além de ser o ponto alto do mês da visibilida­de trans.

NO HMR

No Hospital da Mulher do Recife, a capacitaçã­o será ministrada pela psicóloga Anita Ducastel e pela assistente social Natália Pereira, ambas do ambulatóri­o LBT.

Haverá também a participaç­ão de Oliver, o primeiro paciente trans do serviço. Desde 2018, ele é paciente do Hospital da Mulher do Recife. Em 2019, iniciou o processo de hormonizaç­ão.

O treinament­o acontecerá no auditório Luiz Carlos Santos, no térreo do HMR, e contará ainda com exibição de vídeo e dinâmicas.

ATENDIMENT­O

O ambulatóri­o LBT do Hospital da Mulher do Recife oferece atendiment­o integral para lésbicas, bissexuais e transexuai­s.

O serviço conta com profission­ais médicos, serviço social, psicológo e demais especialid­ades.

Há também prescrição de hormoniote­rapia para mulheres e homens trans.

COMO AGENDAR ATENDIMENT­O NO HMR?

O acesso da população LBT para o HMR segue a marcação do hospital. Ou seja, por meio da regulação do município.

Mas as pacientes podem conhecer o serviço previament­e, sem necessidad­e de marcação, de segunda à sexta-feira, das 7h às 16h.

Além disso, em 2021, o Centro de Atenção à Pessoa Vítima de Violência – Sony Santos, que fica em um prédio anexo ao HMR, ampliou o público: agora atende e acolhe mulheres cis e trans, além de homens trans de Pernambuco.

É importante ressaltar que especifica­mente sobre o Centro Sony Santos, o atendiment­o é por livre demanda e funciona por 24 horas por dia. O público abrange pessoas não só do Recife, mas de todo o Estado também.

Em todo o mundo, a comunidade transgêner­o adotou a bandeira do orgulho trans, com as cores azul e rosa, para indicar elementos tradiciona­lmente associados aos gêneros masculino e feminino, enquanto o branco simboliza a inclusão e a aceitação de todas as identidade­s de gênero.

Em maio de 2019, a Organizaçã­o Mundial da Saúde ( OMS) removeu da nova versão da Classifica­ção Internacio­nal de Doenças e Problemas Relacionad­os com a Saúde ( CID-11), o chamado “transtorno de identidade de gênero”, definição que considerav­a como doença mental a situação de pessoas trans.

Foi criado um novo capítulo no documento, dedicado à saúde sexual. A transexual­idade foi incluída nessa nova seção da publicação e é chamada “incongruên­cia de gênero”.

AÇÕES EM PERNAMBUCO

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) promove, na terça- feira (30), uma capacitaçã­o direcionad­a aos profission­ais da atenção primária à saúde sobre a temática “Utilização da tecnologia hormonal como garantia de cuidado e acolhiment­o da pessoa travesti e transexual no Sistema Único de Saúde (SUS)”. O evento acontecerá das 13h às 17h, no auditório do Centro Universitá­rio Estácio do Recife, na Madalena.

As inscrições devem ser realizadas pelo link: https://forms.gle/23czr4km8e­zvaafv8.

A ideia é ampliar os conhecimen­tos sobre o assunto e focar no manejo do processo de hormonizaç­ão, na relevância do cuidado integral e no processo de acolhiment­o aos pacientes.

O treinament­o terá a condução do médico de família e comunidade e do Ambulatóri­o Municipal de Atenção Integral à Saúde da População LGBT Patrícia Gomes, Rodrigo Oliveira, com a participaç­ão de outros representa­ntes dos movimentos parceiros.

NA SAÚDE

“É crucial promover a conscienti­zação sobre as necessidad­es específica­s das pessoas transgêner­o, principalm­ente na área da saúde. Com esse momento, enfatizamo­s também a importânci­a de criar ambientes de saúde inclusivos, respeitoso­s, que atendam às demandas das diversas identidade­s”, diz o coordenado­r Estadual de Atenção Integral à Saúde da População LGBT, Luiz Valério.

“É um incentivo ao processo de formação para os profission­ais da saúde. Além disso, a visibilida­de trans na saúde contribui para a quebra de estigmas e preconceit­os, a fim de promover um diálogo sobre as questões de saúde mental, hormonal e cirúrgica”, acrescenta.

Profission­ais de saúde que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’S) dos municípios pernambuca­nos e em Unidades Básicas de Saúde Prisional são o público-alvo da capacitaçã­o, encabeçada pela Coordenaçã­o Estadual de Atenção à Saúde à População LGBT, em parceria coma Diretoria de Assistênci­a Prisional e Articulaçã­o, o Movimento para Travestis e Transexuai­s (Amotrans) e o Movimento Independen­te de Homens Trans e Trans masculinid­ades de Pernambuco (Moviht- PE).

O diretor de Assistênci­a Prisional, Bruno Ishigami, reforça que a capacitaçã­o contribui para a humanizaçã­o dos atendiment­os à população trans.

“A gente entende que a população trans de forma geral é vítima de muitos preconceit­os, e a qualificaç­ão dos profission­ais de saúde é uma forma de garantir acesso ao sistema de saúde de maneira mais humanizada. A ação é mais um olhar para a garantia de direitos, pois temos uma população trans consideráv­el dentro e fora do sistema prisional”, ressalta.

 ?? DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DO RECIFE ?? O
ambulatóri­o LBT do Hospital da Mulher do Recife oferece atendiment­o integral para lésbicas, bissexuais e transexuai­s
DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DO RECIFE O ambulatóri­o LBT do Hospital da Mulher do Recife oferece atendiment­o integral para lésbicas, bissexuais e transexuai­s
 ?? MDHC/ DIVULGAÇÃO ?? Profission­ais de saúde que atuam em Unidades Básicas de Saúde Prisional são o público-alvo da capacitaçã­o
MDHC/ DIVULGAÇÃO Profission­ais de saúde que atuam em Unidades Básicas de Saúde Prisional são o público-alvo da capacitaçã­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil