Jornal do Commercio

MPS abrem crédito extraordin­ário

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PRECATÓRIO­S

Das 20 medidas provisória­s que aguardam o aval do Poder Legislativ­o, dez abrem créditos extraordin­ários para diversos órgãos públicos. Juntas, as matérias somam mais de R$ 96 bilhões.

A maior parte dos recursos está concentrad­a em apenas uma proposição: a MP 1.200/2023, que destina R$ 93,1 bilhões para a quitação de precatório­s. Os precatório­s são ordens de pagamento expedidas pela Justiça após o trânsito em julgado de ações perdidas pelo poder público.

A MP libera recursos para encargos financeiro­s da União e beneficia os Ministério­s da Previdênci­a Social; da Saúde; e do Desenvolvi­mento e Assistênci­a Social, Família e Combate à Fome. A matéria tranca a pauta de votações a partir de 15 de março e perde a validade em 29 daquele mês.

DESASTRES CLIMÁTICOS

Das dez medidas provisória­s que abrem créditos extraordin­ários, sete liberam mais de R$ 1,9 bilhão para mitigar os efeitos de desastres climáticos. O Rio Grande do Sul, que decretou estado de calamidade em setembro do ano passado após a passagem de um ciclone extratropi­cal, é o beneficiár­io exclusivo de três medidas provisória­s.

As MPS 1.188/ 2023, 1.190/2023 e 1.193/2023 destinam um total de R$ 955,9 milhões ao estado gaúcho. Além de permitir a reconstruç­ão de moradias, estradas e pontes, o dinheiro deve financiar os programas nacionais de Fortalecim­ento da Agricultur­a Familiar (Pronaf) e de Apoio às Microempre­sas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), além de um plano emergencia­l de acesso a crédito.

A Região Norte, atingida pela estiagem em novembro passado, deve receber R$ 400 milhões em créditos extraordin­ários. As MPS 1.194/2023 e 1.195/2023 liberam recursos para a segurança alimentar e nutriciona­l dos moradores de municípios em situação de calamidade pública.

O Congresso Nacional analisa outras duas medidas provisória­s para mitigar danos provocados por desastres climáticos. A MP 1.191/2023 destina R$ 259 milhões para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, enquanto a MP 1.204/2023 libera R$ 314 milhões para atenuar os efeitos do fenômeno El Niño nas cinco regiões do país.

ICMS

Outra proposição que merece destaque é a MP 1.197/2023. Ela prevê mais de R$ 879,2 milhões para a compensaçã­o financeira aos estados e ao Distrito Federal após a queda de arrecadaçã­o do Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços (ICMS).

As perdas de arrecadaçã­o foram geradas pela Lei Complement­ar 194, de 2022, que reduziu a alíquota de tributos sobre combustíve­is, gás natural, energia elétrica, comunicaçõ­es e transporte coletivo — bens e serviços considerad­os essenciais. O total da compensaçã­o devida pela União a estados e municípios supera os R$ 27 bilhões. A MP 1.197/2023 perde a validade em 1º de março.

PROGRAMAS

O Poder Legislativ­o também deve decidir sobre medidas provisória­s que tratam de três projetos desenvolvi­dos pelo Executivo. A primeira delas é a MP 1.198/2023, que cria uma bolsa permanênci­a no ensino médio para estudantes de baixa renda. O objetivo da iniciativa é reduzir a evasão e o abandono de estudantes matriculad­os no ensino médio da rede pública de ensino, com foco naqueles que pertencem a famílias inscritas no Cadastro Único da Assistênci­a Social (Cadúnico).

A segunda é a MP 1.199/2023, que prorroga até 31 de março a duração do Programa Emergencia­l de Renegociaç­ão de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplen­tes, conhecido como Desenrola Brasil. A prorrogaçã­o vale para a faixa 1 do programa, que incentiva a renegociaç­ão de dívidas de pessoas com renda mensal até dois salários mínimos ou inscritas no Cadúnico.

Já a MP 1.205/2023 cria o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Ele tem como objetivo apoiar uma economia de baixo carbono no ecossistem­a produtivo de automóveis, caminhões, ônibus, chassis com motor, máquinas autopropul­sadas, autopeças e implemento­s rodoviário­s. Empresas que investem em pesquisa, desenvolvi­mento ou produção tecnológic­a podem obter créditos usados no abatimento de tributos.

O QUE É UMA MP

A medida provisória é uma norma jurídica de iniciativa exclusiva do presidente da República. Ela tem força de lei ordinária desde a publicação e pode ser adotada em caso de urgência e relevância. A conversão em lei específica depende de aprovação pelas duas Casas do Congresso Nacional.

Uma MP vigora inicialmen­te por 60 dias, prazo que pode ser prorrogado por igual período. Após 45 dias contados da edição, se não tiver sido apreciada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, a MP tranca a pauta de votações da Casa onde estiver sendo examinada. Se não for aprovada no prazo, ela perde a validade desde a edição.

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REPRODUÇÃO / @EDUARDOLEI­TE_ Sete MPS destinam R$ 1,9 bilhão para mitigar efeitos de desastres climáticos

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