No Douro, a Maria Izabel aposta no contemporâneo
Oempresário João Carlos Paes Mendonça costuma dizer que virou produtor de vinho em Portugal, junto com o irmão Reginaldo, por acaso. Quando decidiu estabelecer uma morada em Lisboa, em 2009, o objetivo era o de ter um ponto de apoio para poder conhecer melhor a Europa a partir de Portugal, além de descansar.
De fato, como líder do setor de supermercado por décadas, ele já esteve na Europa ao menos 50 vezes. Mas sempre a negócios. Foi um período em que visitou as empresas líderes do setor de cada país, participando de eventos do segmento, congressos e feiras internacionais sem muito tempo para “arruar pelas belas cidades dos diversos países” relembra hoje João Carlos.
VIAGENS DE TRABALHO
“Nessa época, não havia Internet e o empresário que desejasse se manter atualizado tinha que ver tudo de forma presencial. Fiz isso na Europa e nos Estados Unidos, mas sempre para ver o que tinha de novo no setor, numa espécie de bate volta internacional”, lembra.
A venda da rede Bompreço,saindo da rotina acelerada de acompanhar aquela que chegou a ser a terceira maior rede de supermercados do País, a nova operação concentrada em shopping, lhe possibilitaram ter mais tempo para viajar. E ele decidiu ter um endereço em Lisboa.
Ele conheceu mais de perto a região do Douro, passou a frequentá-la com assiduidade, até que um amigo português lhe apresentou uma proposta de aquisição de uma quinta, localizada do distrito de Folgosa (Portugal), cujo dono faleceu após estruturá-la como vinícola, sem sequer degustar sua primeira colheita como empresa. Nasceu a Maria Izabel, numa homenagem às mulheres do Brasil e de Portugal.
NASCE A MARIA IZABEL
Menos de uma década depois, a empresa virou um negócio estruturado, moderno e que se incorporou dentro do movimento de renovação da atividade vinícola da região. O Douro Contemporâneo tem um perfil de produção marcado pela inovação no campo, sustentabilidade, rigor na produção industrial, atenção na guarda da produção e criatividades de novos produtos com a característica de vinhos pouco alcalinos mais agradáveis ao paladar.
A Maria Izabel tem hoje 140 hectares, dos quais 80 estão plantados com vinhas de, ao menos 17 castas, e mais 14 hectares de oliveiras, depois que a empresa decidiu entrar no ramo de azeites de alto padrão. Ela está numa propriedade com altitude entre 200 e 680 metros ao nível do mar, voltada para o Rio Douro na margem (E). João Carlos se uniu ao enólogo Dirk Niepoort, reconhecido como um dos mais criativos estruturadores de vinhos da Europa.
Segundo o diretor geral e de marketing da Maria Izabel, Thiago Dias Silva, a empresa que, em 2016, produziu pouco mais de 50 mil garrafas, chegou às 300 mil unidades na safra de 2022.
NOVOS PRODUTOS
Ele oferece um total de 17 rótulos de vinhos de qualidade onde alguns chegam aos 95 euros, caso do Sublime, um branco estruturado com castas selecionadas e que teve a consultoria de Dirk Niepoort consultor da empresa construiu um relacionamento profissional e afetivo com a Maria Izabel e com o empresário que dura até hoje.
Como exige a legislação do Douro, toda quinta da região precisa produzir, ao menos, um rótulo de Porto de modo a preservar a tradição e marca de um produto que virou sinônimo de Portugal. As empresas, entretanto, podem vender parte de sua produção de uvas para grandes produtores, donos de marcas tradicionais no mercado internacional.