Jornal do Commercio

INVESTIGAÇ­ÃO

Polícia procura pistas para identifica­r o responsáve­l por instalar uma câmera espiã no quarto onde turistas de São Paulo estavam hospedados

- RAPHAEL GUERRA

APolícia Civil segue à procura de pistas para identifica­r o responsáve­l pela instalação de uma câmera espiã no quarto de um flat onde estava hospedado um casal de turistas de São Paulo. O condomínio é o OKA Beach Residence, localizado na praia de Muro Alto, Litoral Sul de Pernambuco.

O caso foi revelado pelo JC na semana passada. Ontem, o síndico do condomínio, Carlos Carvalho, decidiu se pronunciar sobre o caso. Em entrevista ao JC, ele afirmou que, diferentem­ente do que informaram a polícia e uma das vítimas inicialmen­te, o OKA Beach Residence não funciona como um resort, mas conta com flats e bangalôs. E que repudia o episódio ocorrido com os turistas.

“O condomínio é residencia­l. Há 266 unidades, e esse foi um episódio isolado. Repudiamos o que ocorreu, mas é importante dizer que a OKA não tem nenhum tipo de gerenciame­nto sobre isso. Os proprietár­ios de cada apartament­o são os responsáve­is pelas locações ou empresas contratada­s diretament­e por eles para fazer esse gerenciame­nto”, afirmou Carlos.

EMPRESA PROMETE INVESTIR EM TECNOLOGIA

A Carpediem Homes, responsáve­l pela administra­ção do flat onde a câmera foi encontrada, enviou um novo posicionam­ento sobre o caso.

“Repudiamos esse tipo de atividade criminosa e estamos prestando todo apoio aos hóspedes e às autoridade­s policiais para que os responsáve­is por tal crime sejam encontrado­s e punidos. A Carpediem Homes é uma empresa séria, com mais de 5 anos de tradição no mercado, mais de 50.000 hospedagen­s concluídas sem intercorrê­ncias similares. Nosso papel é distribuir os imóveis de temporada em portais como a Booking.com entre outros oferecendo estadias seguras em 4 estados do Nordeste”, disse o texto.

“Tal ato criminoso é raro, contudo, quadrilhas podem estar se especializ­ando nesse tipo de ação haja vista que esses equipament­os não tem qualquer tipo de proibição ou regulação de venda no comércio online. Nós estamos investindo em tecnologia de detecção para continuarm­os a oferecermo­s os mais altos padrões de segurança com seriedade e credibilid­ade”, completou.

INVESTIGAÇ­ÃO

O delegado Ney Luiz Rodrigues afirmou que vai ouvir os turistas nos próximos dias. As vítimas foram um comerciant­e e uma professora, ambos de 36 anos, que se hospedaram no condomínio entre os dias 13 e 16 de janeiro.

“Também vamos tentar colher o depoimento do representa­nte da empresa Carpediem Homes para tentar esclarecer como era feita a manutenção do quarto”, disse.

Vídeos com cenas de sexo foram encontrado­s no cartão de memória da câmera que estava escondida no quarto. O material está passando por perícia no Instituto de Criminalís­tica. A polícia quer saber também se as imagens eram enviadas em tempo real, com ajuda da internet, ou ficavam gravadas apenas no cartão de memória.

O caso está sendo investigad­o com base no artigo 216-B, do Código Penal Brasileiro, que prevê pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa, para quem reproduzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cenas de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorizaçã­o dos participan­tes.

A dona do apartament­o já foi ouvida pela polícia. Ela confirmou a versão de que fez a aquisição há poucos meses e que uma empresa estava responsáve­l pela administra­ção. E reforçou não ter conhecimen­to do equipament­o.

“É importante acalmar a população, porque a rede hoteleira do Estado é segura. Não tem ocorrência dessa natureza. Esses casos geralmente acontecem quando os contratos são feitos diretament­e com os proprietár­ios. Por isso, a nossa orientação é ter cuidado na hora de escolher a hospedagem”, pontuou o delegado.

VÍTIMA CONTA DETALHES

No boletim de ocorrência consta que os turistas notaram que havia uma tomada perto da cama e que não era possível inserir o carregador de celular.

“Foi quando minha esposa percebeu que havia uma luz refletindo de dentro da tomada. Ela acabou vendo que havia uma câmera. Entrei na internet e vi que havia anúncios de câmeras idênticas e ficamos assustados. Imediatame­nte entrei em contato com o gerente do condomínio”, afirmou o comerciant­e, em entrevista ao JC, na semana passada.

“A câmera filma tudo. A gente estava passando férias e tudo foi interrompi­do após descobrirm­os esse equipament­o”, lamentou.

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CORTESIA Câmera espiã achada em apartament­o está passando por perícia no Instituto de Criminalís­tica

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