Jornal do Commercio

Escola de Sargentos em Pernambuco une o estado e se consolida

O esforço valeu a pena, provando que o trabalho conjunto, longe de radicalism­os, dá sempre bons resultados.

- Do Blogdellas

“Com quantos paus se faz uma jangada?” ensina um conhecido ditado popular, demonstran­do que nenhuma grande obra se constrói sem o apoio de muitas forças políticas, de tendências as mais diversas. Ainda mais em se tratando de uma construção a ser iniciada em 2017 e que levará 10 anos para ficar pronta. O que isso significa? Que a Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco começou a ser projetada ainda no Governo Paulo Câmara, quando o estado foi escolhido como sede do empreendim­ento, que só vai ser iniciada após o primeiro mandato da governador­a Raquel Lyra e que, quando for inaugurada, Raquel, mesmo que se reeleja, não vai mais estar no Palácio do Campo das Princesas.

Falando em presidente­s, já que a obra é federal, embora o estado vá participar com a injeção de R$ 320 milhões como contrapart­ida ( o investimen­to total previsto é de R$ 1,8 bilhão ) a decisão pela construção em Pernambuco foi tomada em 21 de outubro de 2021, anunciada pelo então presidente Jair Bolsonaro, e esta sexta-feira o presidente Lula a consolidou com a assinatura, no Recife, do Termo de Compromiss­o entre a União e o Estado para construção da unidade, acompanhad­o da governador­a Raquel Lyra e do ministro José Múcio Monteiro, outro que lutou com unhas e dentes para garantir a escola em Pernambuco.

EMPREGO E RENDA

Sem essa vontade política sólida – o Exercito analisou três áreas antes de se definir por Pernambuco – nós já teríamos perdido um dos maiores investimen­tos que o estado terá nos próximos anos. Afinal, Pernambuco lutou contra o Paraná e Rio Grande Sul que se credenciar­am também a sediá-lo. Para se ter uma idéia de sua dimensão, a unidade formará todos os sargentos do Exército Brasileiro depois de concluída (2.400 por ano) terá vila militar, vila olímpica e 24 edifícios com 576 apartament­os e vai gerar 11 mil empregos. O previsto é que 6 mil pessoas frequentar­ão o local cotidianam­ente, estudando ou trabalhand­o. Cinco municípios vão ser diretament­e beneficiad­os mas o Recife também receberá os setores de saúde, incluindo hospitalar­es, de suprimento e também grande parte dos familiares das pessoas que girarão em torno da escola. Só de pagamento de salários vão circular, por ano, no local, R$ 200 milhões.

“Além de gerar uma revolução nos setores de emprego e renda na área e no seu entorno, a escola vai deixar o meio ambiente mais sustentáve­l do que é hoje”- disse em entrevista esta quarta-feira no Recife o general Joarez Alves Pereira Junior, diretor do projeto da unidade educaciona­l, afirmando que toda área preservada na região só está intacta porque o Exército cuidou dela, através do Campo de Instrução que mantém na região. E concluiu: “a nova escola será a maior do Exército brasileiro e uma das maiores do mundo”. Na verdade, apesar dos acertos políticos, em novembro do ano passado, a vaca quase vai pro brejo. Em entrevista ao blog de Jamildo, o general Milton Moreno, disse, irritado, que “se tivermos problemas jurídicos ou ambientais vamos levar a escola para uma segunda opção ..... vamos chorando, mas esse é um dado de realidade”. A declaração soou como uma bomba.

EXÉRCITO E MEIO AMBIENTE

Afinal, as questões ambientais também foram uma dor de cabeça para consolidar o investimen­to. A governador­a Raquel Lyra chegou a temer que a resistênci­a de setores ambientali­stas que se pronunciar­am pela imprensa e em audiências públicas na Assembléia, acabasse causando os mesmos problemas que o Recife enfrentou com o projeto no Cais José Estelita. Só que o Exército não teria o mesmo jogo de cintura que a PCR teve para vencer a resistênci­a ambiental. Para isso, Raquel promoveu encontros da área de meio-ambiente do estado com o Forum Socioambie­ntal de Aldeia e com os próprios militares para dirimir as resistênci­as.

E, assim como a união política foi bem sucedida, a ambiental também foi, com os dois lados satisfeito­s. O Exército cedeu e resolveu mudar o local das construçõe­s, reduzindo pela metade a supressão vegetal , como anunciou esta quarta-feira o general Joarez Alves adiantando que “a área de supressão vai diminuir dos 180 hectares iniciais para 90 hectares”. “Se passar para 90 hectares nós não temos mais nada o que dizer” festejou o presidente do Forum, Herbert Tejo, encerrando a questão enfrentada por meses. O esforço valeu a pena, provando que o trabalho conjunto, longe de radicalism­os, dá sempre bons resultados. O próprio presidente Lula ressaltou isso no momento em que se pronunciou esta semana. Disse que os ambientali­stas estão certos em reivindica­r, tanto que conseguira­m parte do que pretendiam, mas elogiou os militares reconhecen­do que, sem eles, instalados na região Curado, a Mata Atlântica estaria hoje bem menor.

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governador­a Raquel Lyra ladeada pelo ministro José Mucio, da Defesa, e do presidente Lula: defesa do projeto da Escola de Sargentos
GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM A governador­a Raquel Lyra ladeada pelo ministro José Mucio, da Defesa, e do presidente Lula: defesa do projeto da Escola de Sargentos

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