Jornal do Commercio

ARTES VISUAIS Mulheres negras do século 19 celebradas em pinturas digitais

Artista visual Amanda de Souza, autora do projeto, também lança uma pocket-série para falar do processo criativo da exposição ‘A sua casa não tem porta e nem janela’

- EMANNUEL BENTO

Retratos de mulheres negras fotografad­os em meados do século 19 e do começo do século 20, recentemen­te digitaliza­dos no acervo do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundação Joaquim Nabuco, receberam intervençõ­es de pintura digital pelas mãos da artista Amanda de Souza.

AFROBRASIL­IDADE

Em sete obras, ela adicionou elementos da Jurema Sagrada - religião afro-brasileira da qual é praticante. O resultado está exposto na Capela do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, equipament­o cultural da Fundaj. O convite foi feito por Henrique Cruz, da instituiçã­o federal.

“As mulheres cujo retratos foram extraídos desse acervo não têm registro dos seus nomes. Além disso, a maioria delas era ama de leite. Nesse meu trabalho eu procurei subverter a imagem e o significad­o disso. Para mim, isso é usar a tecnologia à serviço da tradição”, explica Amanda de Souza.

SÉRIE

A repercussã­o positiva da exposição rendeu uma pocket série em três episódios, que será exibido nas redes sociais.

Com lançamento previsto para os próximos dias, os vídeos abordarão o processo de criação das pinturas, desde a escolha dos retratos, passando pelas intervençõ­es digitais até a importânci­a social da peças.

A pocket série, dirigida por Henrique Silva, será exibida em 3 episódios semanais. Para acompanhar o lançamento basta seguir a artista no Instagram @ desouzza.amanda.

O ENGENHO

O Engenho Massangana, que comporta o Parque Nacional da Abolição, é vinculado ao Museu do Homem do Nordeste.

Com a sua ligação ao passado escravista açucareiro do Estado, o prédio, que foi casa do abolicioni­sta Joaquim Nabuco, tem recebido diversas exposições que celebram a cultura afro-brasileira, em uma espécie de ressignifi­cação do espaço.

Em 2022, o equipament­o foi reinaugura­do com “Masanganu: Memórias Negras”, com curadoria de Victor Carvalho e Henrique de Vasconcelo­s Cruz, “Jeff Alan: Pra Deixar de Ser ‘Pra Inglês Ver’”, do badalado artista plástico recifense.

O conjunto arquitetôn­ico, formado pela casa-grande, senzala e templo religioso - a Capela de São Mateus, onde Nabuco foi batizado -, abriga hoje um centro cultural e museológic­o, que conta com a exposição permanente “Nabuco e Massangana: o tempo revisitado”. Além das visitas espontânea­s, o Parque Nacional da Abolição recebe estudantes para programas educativos.

Em maio de 2023, o Massangana recebeu técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para avaliar seu tombamento federal.

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DIVULGAÇÃO Ate digital da exposição ‘A sua casa não tem porta e nem janela’, de Amanda de Souza
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Amanda de Souza, artista visual responsáve­l pela exposição ‘A sua casa não tem porta e nem janela’

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