Jornal do Commercio

Quem manda nas eleições municipais não são os partidos de Lula e Bolsonaro

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

O ano de 2023 já foi encerrado, mas o de 2022 ainda não acabou para o mundo político. Existe uma expectativ­a sobre a continuida­de ou não da divisão entre lulistas e bolsonaris­tas nas eleições deste outubro, um tipo de terceiro turno disputado entre prefeitos.

Mas não há flores para os petistas na esquerda e muito menos para a direita em 2024.

BOLSONARO

Após ser derrotado quando tentava a reeleição, Bolsonaro (PL) se viu na situação curiosa de quem fracassa com votação alta. Perde o cargo, mas poderia manter um patrimônio eleitoral.

Rapidament­e, o seu partido enxergou nisso uma oportunida­de para as disputas municipais. A força do bolsonaris­mo poderia garantir eleições importante­s em capitais, levar o lulopetism­o a uma derrota nas prefeitura­s e encaminhar a direita ao Planalto outra vez em 2026.

Para garantir isso e ser um tipo de garoto propaganda/influencer do PL, o ex-presidente ganhou cargo, sala, equipe e salário de mais de R$ 40 mil pagos pela sigla.

O plano era bom. O problema, como sempre, é a realidade.

SEM FIDELIDADE

Esse patrimônio eleitoral do expresiden­te tem um defeito de fabricação que é a formação dele. Há pouca fidelidade porque a comunicaçã­o de Bolsonaro sempre foi falha. E isso atraiu um grupo heterogêne­o de apoiadores.

O lulopetism­o está tomado por militantes carregando suas bandeiras mais ou menos uniformes, incluindo as tolices ingênuas ou fabricadas. Já os bolsonaris­tas, com poucas exceções, estavam divididos entre radicais inconseque­ntes, pragmático­s consciente­s e aliados fisiológic­os.

Fora isso, há um Gilson Machado (PL) aqui e ali. O pernambuca­no é um dos poucos que não se enquadra nessas três categorias. Mas é uma raridade.

A VIDA SEGUIU

Depois das eleições perdidas, os radicais invadiram os três poderes em janeiro de 2023, foram presos e muitos se afastaram quando se sentiram abandonado­s pelo líder.

Os pragmático­s se afastaram quando Bolsonaro ficou inelegível, porque entendem que não há “esperança” no curto prazo.

E os fisiológic­os seguiram seu caminho lógico e atualmente são aliados de Lula, o presidente sentado na cadeira.

Pra completar, dentro do próprio PL os atritos são praticamen­te diários e a sigla quase não se move. A direção do partido, nos bastidores, reclama que Bolsonaro não se empenha. Bolsonaro diz que não é demandado.

LULA

Do outro lado, o PT briga com o PT no planejamen­to eleitoral, mas a maior dificuldad­e é tentar administra­r o poder dos aliados nas prefeitura­s espalhadas pelo Brasil. E os aliados, que têm muito mais prefeitura­s do que o PT, não vão aceitar ser atropelado­s pela máquina federal.

Enquanto o PL pretende fazer prefeitos sob sua sigla para dizer que “venceu os petistas no país”, os petistas são obrigados a aceitar que, tendo o presidente, é preciso ceder as gestões municipais para outras siglas e garantir a governabil­idade no Congresso.

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Lula e Bolsonaro
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