Jornal do Commercio

Terremotos, guerras e eleições na Argentina movimentar­am o mundo

Cenário internacio­nal em 2023 foi turbulento

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Oano de 2023 foi turbulento no cenário internacio­nal, guerras no Oriente Médio e na Europa, milhares de mortes em tragédias e eleições na Argentina movimentar­am o mundo, que segue atento, também, ao xadrez eleitoral americano e aos desdobrame­ntos da feroz oposição que enfrenta o Papa Francisco de setores do clero, em especial da ala ultraconse­rvadora.

TERREMOTOS

Com números assustador­es, um terremoto de magnitude 7,8 deixou ao menos 50 mil mortos e mais de 200 mil prédios desabados ou em estado precário na Turquia e na Síria. Esse foi o abalo sísmico mais forte na região desde 1939, com uma destruição que abrangeu mais de dez províncias e deixou milhões de pessoas sem moradia. Após a catástrofe, a União Europeia anunciou um pacote de ajuda de 1 bilhão de euros para a Turquia e também um pacote de ajuda humanitári­a de 108 milhões de euros para a Síria.

Outros dois países também sofreram duras penas após abalos sísmicos. O maior terremoto da história moderna do Marrocos aconteceu em setembro e deixou quase 3.000 mortos. O tremor atingiu 6,8 na escala Ritcher. Já no Afeganistã­o, um terremoto vitimou cerca de 2 mil pessoas e deixou 9 mil feridos, segundo o governo local.

GUERRA NA UCRÂNIA

Com milhares de mortos e refugiados, a guerra na Ucrânia completou um ano em fevereiro. Sem fim à vista, o conflito apenas se intensific­a. Após o rápido avanço de tropas russas no território ucraniano, a guerra passou por um período de estagnação, seguido de contraofen­siva da Ucrânia e ataques à infraestru­tura energética. Desde o início do confronto, a agência para refugiados da ONU (Acnur) registrou o movimento de milhões de refugiados da Ucrânia para vários países da Europa, incluindo a própria Rússia, Polônia, Alemanha e República Tcheca. A ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) descreveu a situação como “o deslocamen­to populacion­al forçado mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial”. Com base nas declaraçõe­s recentes dos presidente­s Vladimir Putin (Rússia) e Volodimir Zelensky (Ucrânia), a situação ainda está longe de uma resolução.

MORRE PRIGOZHIN

O chefe do grupo paramilita­r Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu após seu jato particular cair a noroeste de Moscou, matando 10 pessoas que estavam a bordo, incluindo ele. Na ocasião, o Kremlin negou especulaçõ­es de que teria sido culpado pelo acidente. A morte ocorreu dois meses depois de Prigozhin ter liderado um motim contra as forças armadas russas, o que foi descrito como uma “facada nas costas”, pelo presidente Putin. O impasse foi resolvido depois de um acordo que levou os combatente­s do grupo Wagner a se mudarem para a Bielorrúss­ia.

BIDEN X TRUMP

O ano também foi de altos e baixos para os dois principais postulante­s ao governo americano: o presidente Joe Biden e o ex-presidente Donaldtrum­p,queencabeç­am as pesquisas para a disputa do próximo ano. Em março, Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser indiciado criminalme­nte, em um caso que investiga a compra do silêncio da estrela do cinema pornô, Stormy Daniels. O republican­o também responde a processos seu papel nos eventos que levaram ao ataque do Capitólio. Ainda assim, Trump ultrapasso­u, pela primeira vez, Joe Biden em uma pesquisa de intenção de voto feita pelo “Wall Street Journal” para as eleições de 2024, divulgado neste mês de dezembro.

Já o presidente Joe Biden encara um inquérito de impeachmen­t que foi formalizad­o pela Câmara dos Estados Unidos. A formalizaç­ão, segundo integrante­s do Partido Republican­o, fortalece as intimações e a posição legal do inquérito. O democrata é acusado de usar a influência da época em que era vice-presidente de Barack Obama para facilitar e conseguir benefícios para que o filho Hunter Biden fizesse negócios na Ucrânia.

SUBMARINO

Em junho, um submarino com cinco pessoas que iriam observar os destroços do Titanic desaparece­u a 4.000 metros de profundida­de nas águas do Oceano Atlântico. Dias depois do desapareci­mento, a empresa Oceangate confirmou que os tripulante­s morreram, pois os destroços foram achados e a cabine que protegia as pessoas da pressão do mar foi perdida. Até agora, a Oceangate, dona do submarino, não foi judicialme­nte responsabi­lizada e a principal investigaç­ão sobre o caso, conduzida pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, ainda está em andamento. Morreram o multimilio­nário britânico Hamish Harding, o presidente executivo e fundador da Oceangate Inc, Stockton Rush, o ex-comandante da Marinha Francesa, Paul-henry Nargeolet, o empresário paquistanê­s Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood.

ISRAEL VERSUS HAMAS

Em 7 de outubro de 2023, o mundoficou­emchoqueco­m os ataques brutais do Hamas em Israel, que deixaram 1,4 mil mortos e fizeram cerca de 240 reféns, que foram mantidos em cárcere na Faixa de Gaza. Em resposta à ação do grupo terrorista, as Forças Armadas israelense­s iniciaram um bombardeio e, posteriorm­ente, uma ofensiva terrestre a Gaza, que duram até hoje e já deixaram milhares de mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino. Buscando “destruir o Hamas”, apesar dos crescentes apelos globais por um cessar-fogo, o chefe do Estado-maior de Israel, Herzi Halevi, afirmou que a guerra ainda durará “muitos meses” e que não há “soluções mágicas” ou “atalhos”. A ONU sediou discussões quentes sobre o conflito, mas sem efeito. No Conselho de Segurança, que esteve sob presidênci­a temporária do Brasil, não se chegou a consenso, pois o apoio dos Estados Unidos a Israel vetou qualquer resolução nesse sentido. A alegação dos americanos é de que o país, uma vez que foi agredido, teria o direito de contra-atacar até atingir seu objetivo declarado.

Aorganizaç­ãodasnaçõe­s Unidas afirma que as condições humanas são catastrófi­cas em Gaza. Quase todos os 2,8 milhões de habitantes da área foram deslocados. Outro fator determinan­te para o futuro da ofensiva é o risco de outros grupos armados, como o libanês Hezbollah e o iemenita houthis - ambos apoiados pelo Irã - se envolverem no conflito. O Hezbollah tem acentuado os ataques contra Israel.

DISPUTA

As tensões entre Venezuela e Guiana aumentaram em 2023 por conta de uma longa disputa pelo território fronteiriç­ode160milq­uilômetros quadrados em torno do rio Essequibo, uma área rica em petróleo e gás offshore. A Venezuela voltou a reivindica­r a região com a realização de um referendo que aprova a criação de um novo estado. O presidente Nicolás Maduro prometeu, inclusive, a exploração de petróleo e mineração na área reivindica­da. A Corte Internacio­nal dejustiçad­ecidiuquea­venezuelan­ãopodetent­aranexar Essequibo, mas Caracas já afirmou que não reconhece a Corte de Haia e que, portanto, mantém a realização da consulta pública. A disputa segue sem definição e deixa o Brasil em alerta para o possível conflito, visto que a área deinteress­efazfronte­iracom o estado de Roraima.

ARGENTINA

Javier Milei tomou posse como novo presidente da Argentina após vencer o candidato governista Sergio Massa por 55% a 44%. O ultraliber­al defende o fechamento do Banco Central e a dolarizaçã­o da economia do país, que sofre com a alta inflação. Ele chega ao poder apenas dois anos depois de começar na política e ficou famoso com um discurso incendiári­o e uma intensa campanha nas redes sociais. No poder, seu principal desafio será domar a inflação astronômic­a de 140% em 12 meses e estabiliza­r a economia do País. Duas semanas após a posse, o presidente argentino enfrenta protestos convocados por sindicatos e movimentos de esquerda, historicam­ente vinculada ao peronismo. Cerca de 30 mil manifestan­tes repudiaram no centro de Buenos Aires as medidas de ajuste anunciadas pela Casa Rosada e o conteúdo do Decreto de Necessidad­e e Urgência (DNU), aprovado pelo Executivo sob o qual revogaram-se mais de 300 leis e normativas sobre diversos temas, incluindo os que regem o mercado de trabalho, planos de saúde, aluguéis e privatizaç­ão de empresas estatais.

O ultraliber­al prometeu uma “terapia de choque” para solucionar as crises do país, como o aumento da pobrezaeae­scassezder­eservas em moeda estrangeir­a. E ele está seguindo à risca suas promessas já no início do mandato. Outros presidente­s também foram eleitos na América do Sul em 2023, como o candidato governista Santiago Peña, do Partido Colorado, eleito presidente do Paraguai, e o empresário Daniel Noboa, de 35 anos, que foi eleito o novo presidente do Equador. Membro da Acción Democrátic­a Nacional (Ação Democrátic­a Nacional, na tradução), Noboaderro­tounosegun­doturno a candidata de esquerda Luisa González, da Revolución Ciudadana (Revolução Cidadã), que é ligada ao ex-presidente Rafael Correa.

FRANCISCO

Celebrando dez anos de pontificad­o em 2023, o Papa Francisco deu um passo adiante na inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ na Igreja Católica. Em iniciativa considerad­ahistórica,ovaticano autorizou a bênção não litúrgica de casais do mesmo sexo, mas segue com o veto explícito ao matrimônio homossexua­l.adecisãopr­omete despertar um novo ponto de tensão com a ala religiosa mais conservado­ra, na avaliação de especialis­tas. A declaração foi divulgada um mês após a conclusão do Sínodo sobre o futuro da Igreja. Durante a reunião mundial consultiva, bispos, mulheres e laicos debateram questões sociais como a aceitação de pessoas LGBTQIAPN+ e os divorciado­s que se casaram novamente.

Francisco também tem desgaste com esses setores em outras questões, como a proibiçãoà­smissaseml­atim. Com 87 anos e saúde frágil, o Papa iniciou o ano com o funeral de seu antecessor, Bento 16, e, a partir disso, intensific­ou de seu ativismo diplomátic­o pela paz; nomeou o maior número de cardeais de seu pontificad­o e realizou mudançasna­cúriaroman­a.

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MAHMUD HAMS / AFP Edifício destruído após o bombardeio israelense na Faixa de Gaza, na cidade palestina de Khan Yunis, no sul de Gaza
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HANDOUT / AFP / EL SALVADOR’S PRESIDENCY PRESS OFFICE Terremoto deixou mortos na Turquia e na Síria

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