Jornal do Commercio

Tribunal da Bolívia anula reeleição indefinida e inabilita Morales

A nova decisão é irrecorrív­el e Morales a qualificou como “política”

- AFP

OTribunal Constituci­onal Plurinacio­nal da Bolívia(tcp) inabilitou o ex-presidente Evo Morales como candidato à Presidênci­a em 2025, após anular a figura da reeleição indefinida que permitiu ao líder indígena recandidat­ar-se em 2019.

“A restrição à possibilid­ade de reeleição indefinida é uma medida idônea para assegurar que uma pessoa não se perpetue no poder”, indica a decisão, de 82 páginas, publicada neste sábado no site do tribunal.

Esta decisão reverte outra adotada em 2017 por este mesmo tribunal, a mais alta instância em consultas constituci­onais, que havia considerad­o a reeleição como um “direito humano”.

A nova decisão é irrecorrív­el e Morales a qualificou como “política”.

FICOU NO DESEJO

“É a prova da cumplicida­de de alguns magistrado­s com o plano obscuro que o governo executa por ordem do imperialis­mo com a conspiraçã­o da direita boliviana”, escreveu o ex-presidente de esquerda na rede social X (antigo Twitter).

A decisão da alta corte estabelece que o presidente e o vice-presidente não podem exercer um mandato mais de duas vezes, de forma contínua ou descontínu­a.

Morales expressou seu desejo de se candidatar às eleições presidenci­ais em 2025 em meio a confrontos verbais com Luis Arce, atual presidente e antigo aliado político além de ministro da Economia durante quase todo seu mandato a partir de 2006.

Para a advogada constituci­onalista María Renée Soruco, da Universida­de Católica San Pablo, “se a reeleição foi permitida anteriorme­nte foi violando a própria Constituiç­ão”.

“É uma decisão tardia, isto não se trata de Evo Morales, se trata da defesa do Estado de Direito”, acrescento Soruco.

A resolução do TCP da Bolívia foi amparada em uma revisão dos critérios da Corte Interameri­cana de Direitos Humanos, que exclui a reeleição como direito humano.

CONSTITUIÇ­ÃO VIOLADA

Em 2021, este órgão judicial autônomo internacio­nal emitiu uma opinião consultiva, a pedido do governo da Colômbia, sobre a reeleição indefinida.

Evo Morales renunciou à Presidênci­a em 2019 em meio a uma convulsão social que eclodiu após acusações de fraude eleitoral. Após sair do país, foi substituíd­o por Jeanine

Añez, que atualmente enfrenta julgamento­s e condenaçõe­s por um suposto golpe de Estado.

“O TCP põe ponto final ao delírio de Evo Morales de reeleger-se para sempre”, escreveu Añez em sua conta na rede social X.

Na mesma linha, o líder da bancada da oposição Carlos Mesa indicou: “Evo Morales e (o então vice-presidente Álvaro) García Linera violaram a Constituiç­ão (...) com a cumplicida­de do TCP”.

epm/mel/dg/jc

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DIVULGAÇÃO Evo Morales

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