Jornal do Commercio

Após delegados entregarem plantões, SDS altera escala

Sem adesão dos delegados ao Programa de Jornada Extra da Segurança (PJES), investigaç­ões de crimes podem ser afetadas

- RAPHAEL GUERRA

Sem acordo com o governo de Pernambuco em relação ao reajuste salarial e outras demandas, os delegados da Polícia Civil mantiveram a decisão de não participar­em do Programa de Jornada Extra da Segurança (PJES), os plantões voluntário­s que são necessário­s à noite e nos fins de semana por causa do déficit de profission­ais.

Às pressas, para não fechar mais delegacias, a Secretaria de Defesa Social (SDS) montou uma nova escala, a partir de 1º de janeiro de 2024. Só que essa dinâmica deve afetar as investigaç­ões de crimes - já que alguns delegados do Estado estão sendo escalados para jornadas de 24 horas (com descanso de 72h), precisando deixar suas delegacias de origem todo o mês.

Ao mesmo tempo, outros delegados terão que acumular o comando de mais de uma delegacia - inclusive de cidades diferentes.

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) destacou que houve a entrega de plantões nas divisões de homicídios Norte e Sul e em cidades do interior, como Limoeiro, Palmares, Arcoverde e Cabrobó - que já contam com baixo efetivo.

“A partir do período noturno, o atendiment­o da polícia judiciária será extremamen­te precarizad­o. Haverá necessidad­e de lotação de novos policiais. Já temos 56 delegacias sem delegado titular, isso deve aumentar”, declarou o presidente da Adeppe, Diogo Melo Victor.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL?

O subchefe da Polícia Civil, Mauro Cabral, falou sobre a nova escala. “Essa lotação é necessária para garantir que as delegacias de plantão não serão fechadas e a população seja prejudicad­a com a entrega dos PJES”, afirmou.

Unidades como o Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e as delegacias especializ­adas de atendiment­o à mulher seguirão funcionand­o normalment­e, garantiu Cabral.

A prioridade, segundo portaria da SDS, será a investigaç­ão das mortes violentas intenciona­is, violência doméstica, violência contra crianças e adolescent­es, estupro, extorsão mediante sequestro, entre outros.

No acumulado de janeiro a novembro, o Estado somou 3.287 mortes. No mesmo período do ano passado, foram 3.119. Percentual­mente, o aumento dos crimes contra a vida chegou a 5,3%.

FALTA DE DIÁLOGO

A Adeppe reforçou que tem cobrado diálogo com o governo do Estado, mas afirmou que isso não tem sido possível.

“Pleiteamos a valorizaçã­o dos policiais e investimen­to na Polícia Civil. Queremos saber onde serão os novos complexos da Polícia Civil anunciados pelo governo. A gente quer diálogo, mas o governo se nega”, disse Diogo.

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ALEX OLIVEIRA/JC IMAGEM Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) contará com equipes de plantão, mesmo sem PJES

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