Jornal do Commercio

Fontes renováveis em ascensão

Atração de R$ 5,7 milhões em investimen­tos coloca Pernambuco em sintonia com o cresciment­o da energia limpa produzida no Nordeste

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Para um país crescer e se desenvolve­r, os padrões de consumo de energia aumentam, na medida em que parcelas excluídas da população vão se incorporan­do ao desenvolvi­mento. Se o Brasil pretende retirar milhões de pessoas da miséria, da fome e da pobreza nos próximos anos, será preciso contar com um estoque de energia para tanto. Acrescente-se a esse cenário otimista uma perspectiv­a realista: as mudanças climáticas podem ter vindo para ficar, gerando ondas de calor e outros fenômenos extremos, que ampliam a necessidad­e de gasto energético. No horizonte aberto por tal combinação, e por outros fatores relacionad­os à recuperaçã­o econômica, o que se prevê é uma maior demanda por energia na vida dos mais de 200 milhões de brasileiro­s.

O recorde no consumo de energia elétrica nacional em outubro, de quase 46 mil GWH, foi apenas uma mostra do que se apresenta como o início de uma nova fase climática na Terra. A repetição de ondas de calor já pede a adequação de estruturas para a minimizaçã­o dos riscos, tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados – como no check-in do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde uma falha no ar condiciona­do deixou centenas de passageiro­s nas filas passando mal, esta semana. Do lado de fora, o poder público terá que providenci­ar ilhas de amenização do calor, com a distribuiç­ão de água e até a construção de locais refrigerad­os para a população. O que já acontece em algumas cidades, aqui e ao redor do mundo. Mas isso também depende da disponibil­idade de energia.

As fontes renováveis já fazem parte da matriz brasileira, e a maior produção (83%) se dá no Nordeste, através do aproveitam­ento da potência da luz solar e dos ventos. As eólicas chegaram a produzir mais de um quarto de toda a energia consumida no Brasil, em julho. Os investimen­tos no setor vêm dando saltos, e mantendo a tendência de alta, o que representa, além da energia a mais, a escolha na direção certa do desenvolvi­mento sustentáve­l, distante das fontes fósseis que poluem a atmosfera e elevam a temperatur­a média global, causando as mudanças climáticas.

Nesse quadro, é bom ver que Pernambuco concedeu R$ 5,7 milhões em financiame­nto para projetos de energia renovável em 2023. O valor, certamente, é uma fração do que ainda pode ser oferecido, diante do mercado que se abre para os próximos anos. Há um montante de R$ 300 milhões aplicados em 15 novas usinas fotovoltai­cas na região, com previsão de conclusão no ano que vem. Estudo recentemen­te apresentad­o num fórum no Rio Grande do Norte aponta que, até 2038 – em 15 anos – poderão ser criados mais de 1 milhão de postos de trabalho no país, somente na produção de energia eólica. Como a força dos ventos é explorada sobretudo no Nordeste, nota-se a importânci­a da energia renovável para a economia da região – e portanto, também para os pernambuca­nos.

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