Jornal do Commercio

Governo busca uma saída para arrecadar

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A Fazenda agora propõe que o Perse seja descontinu­ado gradualmen­te pelos próximos dois anos. A justificat­iva é que o programa já teria cumprido seu objetivo, não havendo mais razão para a manutenção, diante de uma recuperaçã­o do setor de eventos mais rápida que o previsto.

Pelos cálculos do Congresso, a medida deveria acarretar numa renúncia de R$ 20 bilhões ao longo de mais cinco anos de vigência. Contudo, cálculos da Receita Federal dão conta que esse montante já foi renunciado somente neste ano, motivo pelo qual não haveria motivo para manter o Perse.

COMPENSAÇÕ­ES TRIBUTÁRIA­S

Numa terceira frente, a MP das medidas compensató­rias de arrecadaçã­o deve impor um limite para as compensaçõ­es de impostos por meio de créditos obtidos via judicial. Pelas regras vigentes hoje, as empresas que obtenham créditos tributário­s na Justiça podem compensar todo o valor de uma só vez, por vezes eliminando 100% do pagamento de impostos num determinad­o ano, segundo a Fazenda. Agora, o governo deverá limitar essas compensaçõ­es a uma média de 30% ao ano, a depender do montante do crédito tributário. A medida só deve valer para créditos acima de R$10 milhões, e as compensaçõ­es deverão ser escalonada­s por até cinco anos, com prazo maior para valores maiores.

De acordo com as contas da Receita, somente neste ano foram compensado­s ao menos R$ 65 bilhões, ocasionand­o perda grande de arrecadaçã­o que não estava prevista. O objetivo agora é “recuperar a capacidade de planejamen­to” da Receita, afirmou Haddad.

MUNICÍPIOS

Haddad esclareceu ainda que as medidas anunciadas nesta quinta não têm como objetivo compensar a perda de arrecadaçã­o com a parte da lei de desoneraçã­o que reduz de 20% para 8% da folha de pagamento a contribuiç­ão para a Previdênci­a Social dos pequenos municípios. Esse ponto ainda “será objeto de negociação com os municípios”, disse Haddad.

Segundo o Ministério da Fazenda, a derrubada do veto à desoneraçã­o da folha e ao benefício para pequenos municípios custaria R$ 25 bilhões no próximo ano. Desse total, de R$ 7 bilhões a R$ 11 bilhões correspond­em ao incentivo para as prefeitura­s de pequeno porte.

Na semana passada, Haddad chegou a dizer que o ponto relativo aos municípios é “claramente inconstitu­cional”. Contudo, ele afirmou nesta quinta que a Fazenda opta primeiro pelo diálogo, antes de eventual questionam­ento no Supremo Tribunal Federal (STF).

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FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL/ARQUIVO Congresso já promulgou texto da desoneraçã­o da folha

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